quarta-feira, 16 de setembro de 2015

ANÁLISE CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO “ILHA DAS FLORES”


            A localidade Ilha das Flores está localizada próxima ao Rio Guaíba, em Porto Alegre. Onde uma boa parte do lixo produzido da capital é eliminada. Todo o lixo é eliminado depositado num terreno onde há criadores de porcos. Imediatamentequando olixo é despejado dos caminhões pessoas separam partedele para serem consumido pelos os porcos. No meio a este processo começam ase formar filas de crianças e mulheres do lado de fora da cerca, à espera do que sobrou do lixo, que serão utilizados para o consumo humano. As filas são organizadas para que todos possam aproveitas se beneficiar de alguma forma da sobra do lixo, cada qual tendo a sua vez, aproveitando da melhor forma do lixo no seu tempo e na sua hora.
           A proposta do documentário é causar um impacto numa reflexão de uma situação desumana e degradante, ferindo a dignidade da pessoa humana: seres humanos que, numa escala de prioridade, se encontram numa disputa de sobrevivência de lixo que posteriormente serão utilizados para alimentar porcos. Adultos e crianças que, num intervalo de tempo tentando garantir sobra dos alimentos dos porcos para sua sobrevivência diária. Esta situação um quanto chocante será tratada de forma a causar uma forte indignação.Neste documentário foram refletidas as etapas da utilização de um tomate, desde a sua plantação até o consumo por uma criança moradora da Ilha das Flores, passando pelo supermercado até ser consumida pelas famílias em suas residências. As informações do texto foram também apresentadas de forma didática e pedagógica para facilitar a compreensão. Foi narrada nos critérios do que exige para formação de documentários.
Trata-se de um produtor de tomates que não se apresenta com propósito de uma agricultura familiar e não cultiva tomates para o consumo próprio, e sim com intuito de comercialização. Maior parte do que é produzido são entregues a um supermercado em troca de dinheiro.Uma senhora vem ao supermercado para, entre outras coisas,comprar tomates para consumo diário. Esta senhora que obteve seu dinheiro em troca do trabalho com vendas de perfumes que realiza na localidade.As essências são extraídas das flores que posteriormente serão vendidos. Dona Anete como é chamada, não extrai o perfume das flores ela apenas troca, com uma fábrica, uma quantidade determinada de dinheiro por perfumes.A partir disso, ela caminha de casa em casa trocando os perfumes por dinheiro. A diferença está na obtenção de lucro pela venda realizada. Portanto, o retorno financeiro não é significativo em se comparado ao lucro da fábrica, mas é o suficiente para ser trocado por 1 k de tomate e 2 k de carne para sua manutenção.
Todas as coisas boas ou más, aquilo que recebemos do mundo exterior, sejam elas experiências felizes e infelizes nos nossos relacionamentos com as pessoas, fazem parte de nossas vidas e contribuirá para nossa edificação e formação de nossa personalidade. O bom relacionamento interpessoal é condição indispensável para vivência da prática do amor, a tolerância e o respeito com as outras pessoas. Como afirma Klein e Riviere(1962,p. 112):
Assim, amplia-se o alcance do desejo de oferecer reparação – que é parte essencial da faculdade de amar – e a capacidade da criança para aceitar amor e, por vários meios, receber coisas boas do mundo exterior aumenta constantemente. Este equilíbrio satisfatório entre “dar” e “receber” é condição preliminar para a felicidade futura.

Os alimentos que Dona Anete trocou pelo dinheiro com a venda dos perfumes extraídos das flores serão completamente consumidos por sua família num período de poucos dias. Os tomates trocados por dinheiro com os supermercados, foram trocados novamente pelo dinheiro muito elevado que dona Anete obteve com a venda dos perfumes extraídos das flores. Eles foram transformados em molho para o preparo da carne. Alguns tomates, que segundo a opinião pessoal de dona Anete, não tinha servia para o preparo do molho, com isso seria colocado no lixo. Uma cidade como Porto Alegre, populosa, habitada por mais de um milhão de habitantes, produz aproximadamente, cerca de 500 toneladas de lixo orgânico por dia.O lixo atrai todos os tipos de germes e bactérias patogênicos que, por sua vez, compromete a saúde da população. Algumas doenças prejudicam seriamente o bom funcionamento dos seres humanos. Além disso, o lixo possui aspecto e aroma extremamente prejudiciais e desagradáveis ao meio ambiente. Por tudo isso, ele é levado na sua totalidade para um único lugar, bem longe do convívio humano, onde possa, livremente, sujar, cheirar mal e atrair doenças sem prejudicar os seres humanos.O lixo é transportado para estes lugares por caminhões coletores com profissionais habilitados e capacitados. A realizaçãodeste documentário foi em 1989, os caminhões eram dirigidos por seres humanos.Na cidade de Porto Alegre, um dos lugares escolhido para o depósito do lixo com todas as conseqüências do mau cheiro e da possibilidade de atrair doenças foi a Ilha das Flores.As flores existem em quantidade muito pequena, no entanto, há muito lixo e, no meio dele, o tomate que dona Anete julgou inadequado para o preparo do molho da carne. Há também muitos porcos na ilha.
O tomate que dona Anete julgou inadequado para o porco que iria servir de alimento para sua família pode vir a ser um excelente alimento para porcos. Cabe lembrar que dona Anete é racional, sendo a espécie humana mais desenvolvida dos animais de outras espécies.O porco possui um dono e o dono é um serhumano possuindo discernimento. Sendo ele proprietário de uma pequena parte terreno na Ilha das Flores. Este terreno, onde o lixo é depositado, foi cercadopara que os porcos não pudessem sair e para que as pessoas não pudessem entrar. Separam-se do lixo aquilo que é deorigem orgânica daquilo que não é de origem orgânica.Durante o processo de separação, algumas mulheres e crianças aguardam no lado de fora dacerca na Ilha das Flores como catadores a espera do proveito da utilização do lixo. Mediante estes processos aguardam aquilo que os porcos não consumirem para a sua alimentação, será aproveitado na alimentação destas mulheres e crianças.
Estes seres humanos sem dinheiro e com perspectiva de vida duvidosa na sua dignidade. Eles são organizados pelos próprios empregados do dono dos porcos em formação de grupos para serem autorizadas para passar para dentro da cerca do lado da propriedade. Dentro da propriedade elas podem pegar para si todos os alimentos que forem permitidos pelo o dono dos porcos. Num limite pré-estabelecido pelo o dono dos porcos cada grupo têm cinco minutos para permanecer do lado de dentro da cerca recolhendo materiais de origem orgânica, como restos de galinha e tomates. O antropólogo Claude Levi-Strauss(PARANÁ, 2015) rejeita a ideia de regalia do ser humano no mundo, e acredita que nós devamos mudar nosso comportamento em detrimento de um mundo melhor mais humano, conforme sua célebre frase dita em 2005, quando recebeu o 17º Prêmio Internacional Catalunha: “Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos ter presente”.Aquela atitude que recolhem materiais orgânicos no lado de dentro da cerca da Ilha das Flores é parecido apenas em objetivo ao procedimento de Dona Anete quando vai ao supermercado. No supermercado troca-se o dinheiro do lucro da venda dos perfumes extraídos das flores pelo material orgânico apropriado para o consumo humano; já na Ilha das Flores os seres humanos não possuem dinheiro algum; no supermercado dona Anete tem todo o tempo para apanhar materiais orgânicos comestíveis. Aqueles seres humanos da Ilha das Flores se apresentam numa posição depois aos porcos na prioridade de primeiro alimentar os porcos depois as sobras de materiais orgânicos fica com os humanos daquela localidade, isso se dá por não terem dinheiro nem proteção.
Atualmente o modo de produção e consumo baseado nos moldes do sistema capitalista gera o consumismo sem limites, além da imensa desigualdade social. Dessa forma gerando cada vez mais, fome e pobreza. O Sociólogo Pierre Bourdieu (apud WEISSHEIMER, 2002) critica o silêncio dos políticos diante dos problemas sociais, passou a apelar para a mobilização dos intelectuais. Afirmando o que defendia era a possibilidade e a necessidade do intelectual crítico. Para ele, não pode haver democracia efetiva sem um verdadeiro discurso contrário ao poder de uma forma crítica e construtiva. Dedicando os seus últimos anos de vida combatendo o neoliberalismo sob todas as suas formas. Ele também era um crítico da globalização financeira. Rejeitando proposta de uma ideia mundial concebida como dependência às leis do comércio globalizado e os defendem as culturas nacionais ou qualquer outra forma de nacionalismo e os conceitos de localismo cultural. Assim fazendo essa recusa, defendia a construção de um movimento social europeu como primeira etapa da construção de um movimento social internacional, no espírito daquele que tem vindo a ser construído em torno do Fórum Social Mundial. Deixando um legado de conceitos e idéias.Provocar uma reflexão e análise crítica sobre esses processos através da utilização do documentário “Ilha das Flores”, serão necessários uma abordagem dessas temáticas de forma objetiva e crítica. Nesse documentário podemos visualizar o quanto o sistema capitalista nos é imposto de forma desproporcional. Num relata de estupidez causada pela desigualdade social, o egoísmo do ser humano e como o dinheiro nos domina tendo a pobreza e a fome como partes recorrentes da péssima distribuição de renda. Apesar de sermos considerados seres racionais, desenvolvidos e livres, não avançamos na evolução de convívio social, de consumo equilibrado e lucro justo embasado na lei da oferta e da procura, na qual o objetivo maior é o desenvolvimento da sociedade. Está claro no documentário que a divisão do trabalho é bastante definida pelo fato que desde a colheita do tomate até o consumo final, cada função é executada de forma a não ter a informação da sua utilização. As etapas percorridas de um simples tomate, ora gera riqueza e por outro lado a desigualdade no seu percurso. Ilha das Flores é uma ilha, cujo cenário onde deveriam existir flores, beleza, harmonia, no entanto, tem o lixo como produto principal de utilização, é aonde vai para o tomate podre que uma dona de casa desprezou que não servia para alimentação da sua família, sendo aproveitado para alimentar porcos e adultos e crianças que poderiam não está no lixão em busca de alimentos e sim nas escolas se capacitando ou se profissionalizando.

REFERÊNCIAS
KLEIN, M.; RIVIERE, J. Vida emocional dos civilizados. Rio de Janeiro: Zahar, 1962.

PARANÁ. Secretaria da Educação. Claude Lévi–Strauss. Curitiba, 2015. Disponível em:<http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1276>. Acesso em: 28 maio 2015.

WEISSHEIMER, M. O legado crítico de Pierre Bourdieu. Revista Espaço Acadêmico, ano 1, n. 10, mar. 2002. Disponível em:<http://www.espacoacademico.com.br/010/10bourdieu02.htm >. Acesso em: 28 maio 2015.




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